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Oct 01, 2023

A América está impedindo a China de importar alguns semicondutores

Na sexta-feira, o governo Biden emitiu novos regulamentos agressivos, com o objetivo de tornar mais difícil para a China acessar e construir semicondutores de última geração.

Segunda-feira viu a publicação de "Chip War", um novo livro sobre lutas globais sobre semicondutores, escrito por Chris Miller, professor associado de história na Fletcher School da Tufts University e pesquisador visitante no American Enterprise Institute. Entrevistei Chris por e-mail sobre o que os novos desenvolvimentos significam e como eles refletem uma longa história de conflito. A entrevista foi ligeiramente editada para o estilo.

P: A maior parte da fabricação de semicondutores ocorre fora dos Estados Unidos. Então, como o governo Biden pode estabelecer limites para a produção global de semicondutores?

R: A fabricação de chips requer o uso de máquinas-ferramentas ultracomplexas, muitas das quais são produzidas por um pequeno número de empresas em apenas alguns países. Algumas das ferramentas mais avançadas são produzidas apenas por empresas americanas. O Departamento de Comércio dos EUA pode usar um regulamento chamado "regra do produto direto estrangeiro" para restringir o uso dessas ferramentas fabricadas nos Estados Unidos para fabricar determinados chips. Como taiwaneses, sul-coreanos e todos os outros fabricantes avançados de chips precisam dessas ferramentas, a regulamentação é efetivamente global, desde que os Estados Unidos mantenham o monopólio dessas ferramentas.

P: Em primeiro lugar, por que a produção de semicondutores saiu dos Estados Unidos para países como Taiwan?

R: Em parte porque era mais barato. As diferenças nos custos de mão-de-obra são uma parte comparativamente pequena da história. Capital barato e incentivos governamentais provavelmente foram mais importantes para explicar por que era mais barato fabricar no leste da Ásia do que nos Estados Unidos. No entanto, o custo é apenas parte da história. O outro fator é que a fabricação de chips envolve enormes economias de escala.

A empresa que melhor capitalizou essas economias de escala é a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), que hoje produz mais chips de processador do que qualquer outra empresa. Sua vasta escala não apenas oferece eficiência de custo, mas também permite que a TSMC aprimore seus processos de produção em um volume maior de chips. Hoje, a TSMC é a fabricante de chips mais avançada do mundo e quase todos os seus chips são fabricados em um punhado de grandes fábricas em Taiwan.

P: Você explica no livro como o presidente chinês Xi Jinping vê os semicondutores como um "portão vital" que pode ser usado para controlar a economia chinesa. Por que a China depende tanto de semicondutores estrangeiros?

R: Na última década, a China gastou mais dinheiro importando chips do que importando petróleo, porque a China não conseguiu produzir chips avançados como os de telefones, PCs e servidores em casa. Nenhuma empresa chinesa alcançou a liderança na fabricação de chips, e a maioria dos fabricantes de chips estrangeiros manteve sua tecnologia avançada em seus países de origem. A China, portanto, depende de empresas estrangeiras para processadores avançados e chips de memória.

O fato de a China gastar tanto dinheiro comprando chips tem consequências econômicas. Os líderes políticos chineses, no entanto, podem se preocupar mais com as ramificações políticas, porque a China compra chips principalmente de empresas da Coréia, Taiwan ou Estados Unidos. Isso dá aos Estados Unidos poder para controlar o acesso da China a chips para determinados usos. Washington usou essa alavanca várias vezes nos últimos anos. Por exemplo, os Estados Unidos há muito impõem limites às vendas de certos chips para empresas militares chinesas. Os Estados Unidos tentaram limitar os negócios de telecomunicações 5G da Huawei cortando o acesso da empresa a certos tipos de chips. Agora, por meio das regras anunciadas esta semana, os Estados Unidos estão impondo limites aos chips usados ​​para aplicações de IA em data centers.

P: Com base nas tecnologias de fabricação atuais e na experiência de outros países, a China pode desafiar os controles dos EUA criando sua própria indústria nativa de semicondutores?

R: Em algum momento, a China provavelmente alcançará a vanguarda atual, mas será muito caro e demorado. Enquanto os controles existentes dos EUA permanecerem em vigor, a China precisará encontrar fontes alternativas de ferramentas e software se quiser avançar.

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